O advogado e auditor fiscal, Antônio Soares Neto, mais conhecido como Toniquinho JK, falecido no dia 21 de novembro em 2019, entrou para a história política brasileira como um dos heróis civilizatórios da Marcha para o Oeste e da construção de Brasília.
Em abril de 1955, na cidade do sudoeste goiano de Jataí, na ocasião do primeiro comício do então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek, Toniquinho questionou o então presidenciável, após esse apresentar seu Plano de Metas, se ele seguiria a constituição, no tocante a transferência da capital federal para o Centro Oeste.
Juscelino titubiou, momentaneamente, porém não exitou em incluir essa pauta constitucional no seu plano de governo. Nascia assim a meta-síntese que demoraria 5 anos pra ficar pronta, mas cujos os impactos seriam maiores do que 50.
Esse diálogo histórico foi documentado na primeira página da autobiografia de JK "Por que construí Brasília?". A invenção de Brasília no coração de Goiás e do Brasil com imensa participação laboral, política e afetiva do povo goiano é tributária, assim, à Jatai, à Toninquinho JK e, claro, a presidente JK.
Para melhor salvaguadar o patrimônio cultural imaterial dessas memórias políticas coletivas do sudoeste goiano, o Memorial JK de Jataí está recebendo neste mês de falecimento de aToniquinho, a doação de parte do seu acervo pessoal histórico, que estava sem designação social na Câmara de Vereadores de Goiânia, das mãos da ex-vereadora Dra. Cristina Lopes (Procuradoria da Mulher) e do urbanista Fred Le Blue Assis (Artetetura e Humanismo).
O legado de Toniquinho JK não só fez catalisar o desenvolvimento regional de Goiás, como consolidou uma vertente política jataiense no legislativo e no executivo goiano, que colaborou pra modernização do Estado, por meio de lideranças políticas proeminentes, como Maguito, Leandro e Daniel Vilela, e Romilton Moraes.
Daí a relevância histórica de conservar seus arquivos e fotografias, que inclusive mostram momentos de intimidade com Jk, de quem se tornou, sobretudo quando ele se elegera senador por Goiás.
A história desse lendário cidadão consciente de seus direitos, nos mostra que a leitura e o conhecimento podem mudar a história de uma família, de uma cidade, de um Estado e até de um país.
Atento à necessidade de maior consciência histórica, educação patrimonial e divulgação científica, o pesquisador goiano doutor em planejamento urbano Fred Le Blue Assis, que havia feito mestrado na UniRio sobre a memória coletiva e mobilidade migracional goiana no urbanismo do Plano Piloto, lançou em dezembro de 2019, o livro "tradição da Modernidade" (Editora Brasílha Teimosa).
A obra tem um prefácio focado na relevância da memória coletiva e história oral, como fonte historiográfica, e também como fonte de transmissão de saber, a partir da visita que Le Blue Assis fez a casa de Toniquinho em 2013. Coincidentemente ou não, a obra foi publicadaum mês depois da partida desse guardião de memória, que se tornou o Toniquinho, dando voz eterna a seu legado de cidadania plena e democracia participativa.
O trabalho é de suma relevância por ser uma mirrada culturalista, que enfatiza a matriz goiana na formação urbana e cultural de Brasília, tendo a fatídica pergunta de Toniquinho para JK, como importante fato-mito de origem fundante da cidade. Compensa, assim, a ausência dessa laureada figura de proa em muitas obras acadêmicas sobre a construção de Brasília.
Foto e Texto: Fred Le Blue Assis (contato +55 61 8353-0179 Fred)
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